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A tradição e a cultura (língua e obras) são os alicerces duma Nação corporizada por um Povo que a herda, administra e projecta para o futuro. O Príncipe, como primus inter pares, encarna os desejos e expectativas da comunidade que representa e de que procede. Estamos no domínio da meta-política que nos concede superar uma concepção meramente administrativa ou aritmética da Coisa Pública. E repare-se como não ficamos obrigatoriamente amarrados a uma simples questão de Fé: para os não crentes numa ordem transcendente, a questão pode ser perspectivada no âmbito da simbologia, dimensão fundamental para a sustentação de um tácito contrato comunitário, a encarnação de uma realidade abstracta, a que se confere assim a harmonia necessária à adesão emotiva.
No que diz respeito à perspectiva estritamente política, nunca é demais relembrar que a chefia hereditária do Estado, que maioritariamente subsiste legitimada pela História nos países europeus mais desenvolvidos, é um factor de equilíbrio e de religação nacional, último reduto da unidade identitária e dos valores perenes do ideal comum, sempre ameaçados pela mecânica democrática, cujo exercício por natureza exacerba a luta faccionária, compele à desagregação e à descrença por via da erosão de uma conflitualidade permanente, através da rivalidade e conflito entre partidos, grupos de interesses, económicos, profissionais ou estéticos.
Foi pois com enorme júbilo que no passado dia 25 de Março centenas de portugueses encheram a Igreja da Encarnação em Lisboa para a missa de Acção de Graças com que a Família Real Portuguesa assinala o início das celebrações da maioridade de S.A.R. o Senhor D. Afonso, Príncipe da Beira, digno representante, com Seu Pai, de toda a Nação Portuguesa. Tratou-se afinal da comemoração duma promessa da continuidade na direcção dos nossos filhos e netos, duma noção de Pátria que é acima de tudo espaço, tempo e uma alma enorme de 900 anos.
Adaptado do original publicado no jornal i
Imagem de S.A.R. resultante do efeito de centenas de fotografias de portugueses anónimos - produzida por Madalena Pestana para a Real Associação de Lisboa.
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