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A CAUSA REAL tem assistido nos últimos anos, com enorme perplexidade e profunda revolta, às sucessivas tragédias que têm assolado o país, o território nacional no seu todo e as suas amarguradas gentes, naquela que foi sempre a sua defesa da preservação de todo o património e, muito em especial, o ambiental.
Passado que foi o principal período crítico, o Verão, em que só pelo facto de existirem já muitas zonas ardidas nos anos anteriores impediu novas situações de gravidade extrema, urge relembrar que, desde 2000 até 2021, segundo os dados da Pordata, já arderam em Portugal um total de 3.086.224 hectares, dos quais 1.504.065 de povoamentos florestais, 1.376.225 de matos e 205.933 de área agrícola. Muitos destes hectares, nestes 21 anos, arderam várias vezes. Só no ano de 2022 mais de 100.000 hectares foram consumidos pelos incêndios.
Números desta grandeza não podem deixar ninguém indiferente e a única atitude deveria ter sido e deve ser cuidar que não aconteçam no futuro.
Conhecidas as múltiplas causas e com vários estudos publicados sobre possíveis soluções para os incêndios recorrentes, facto é que os portugueses continuam reiteradamente a sofrer na pele as feridas que deixam no nosso território e na nossa paisagem.
Se há questão grave que não pode ser arma de arremesso partidária e deve ser olhada como projecto nacional, sem as vistas curtas dos ciclos eleitorais, é a preservação e defesa do património ambiental, como tem repetidamente lembrado o Senhor Dom Duarte, chefe da Casa Real portuguesa.
É hora de relembrar a este propósito os sábios ensinamentos de Gonçalo Ribeiro Telles, que, enquanto criador da Reserva Agrícola Nacional e da Reserva Ecológica Nacional, advertiu o país durante décadas, sobre esta gravíssima situação e propôs soluções, nunca aplicadas na prática.
E se à causa original dos incêndios descontrolados - a desorganização do território - somarmos um desenvolvimento sem progresso real que desequilibra demograficamente o País e despovoa o seu interior, encontramos razões bastantes para que novas tragédias se repitam no futuro.
A CAUSA REAL considera que apenas é possível contrariar a desertificação do interior através da promoção de um espaço rural economicamente atractivo, com pessoas a cuidar das matas e num esforço que envolva múltiplas entidades: o Estado, as autarquias locais, as empresas e as associações, com mais pessoas a cuidar do território e em particular, das florestas.
Para isso não é suficiente o papel abnegado dos bombeiros e a boa vontade das populações. Há que fazer muito mais. Portugal e os portugueses assim o exigem.
Lisboa, 6 de Setembro de 2023
COMISSÃO EXECUTIVA DA DIRECÇÃO NACIONAL
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